sábado, 27 de abril de 2013
Giro num movimento contrário aos acontecimentos...
Giro ao redor do que fui...
Giro em busca de mim...
Giro... simplesmente giro...
Tonteia-me o coração, bambeiam-se as pegadas...
Carrossel desenfreado, assim como o coração...
Onde estão todos?
O tempo... Foram levados. Sim, foram levados por você.
Algo ainda impregna minha alma que carrega o peso de todos os que fazem parte dela e que me formam...
Tantas reticências... Sim, há algo por dizer, mas o quê, afinal?
Ah, coração! Algibeira de memórias e amores.
(Francis Paula)
sexta-feira, 26 de abril de 2013
O PONTO SALIENTE DA PAIXÃO
Os compassos e descompassos eram imensos, mas o músico insistia em sua obra magistral. Mesmo que lhe custasse a própria vida...
Dramático?! Para alguns até poderia ser, mas para ele mostrava-se como um objetivo de toda uma caminhada.
Sim, anos de estudo, dedicação, sangue, alma, sustenidos e bemóis. Fora as distâncias de muitos, ausências de outros, inclusive de si mesmo e muitos, muitos cadernos, partituras e claves.
O piano mostrara-se como um dos companheiros mais fiéis além dos compositores que havia se debruçado por tanto tempo. As linhas de cada compasso foram sua cama e por diversas vezes, por ela passaram corpos não tão musicais, mas também alguns carregados de pausas extremamente necessárias à sua música particular.
Entre um pedido e outro, entre olhares... entre notas... graves ou agudamente precisas... sua obra magistral ganhava corpo. Em alguns momentos tudo era desmembrado e reiniciava-se toda a criação.
Tornara-se sua obsessão maior. A melhor. A única.
Agora, enquanto caminhava, os dedos ágeis procuravam pelo ar a melodia, inúmeros sons a sua volta pareciam desaparecer e seu coração... O coração não apenas batia. Passava a ritmar seu silencio assustadoramente musical e interior.
Para os outros... Sempre os outros. Tudo não passava de loucura: "Onde já se viu"?!, "Isolado do mundo". " Nãos e pode sequer convidá-lo para algum evento social"., "Estranho esse comportamento"., "Por que é assim"?.
Ninguém compreendia a música que o guiava. Acredito que nem ele mesmo. Quanto a loucura... Vive-se num mundo tão ou infinitamente mais louco que recuso-me a julgá-lo. Preferível ouvi-lo.... Com os olhos e o coração, não tão musical, mas ávido por melodias diferentes das usuais.
Ninguém compreendia a música que o guiava. Acredito que nem ele mesmo. Quanto a loucura... Vive-se num mundo tão ou infinitamente mais louco que recuso-me a julgá-lo. Preferível ouvi-lo.... Com os olhos e o coração, não tão musical, mas ávido por melodias diferentes das usuais.
E enquanto pensava isso, ele novamente estava a articular seus compassos e descompassos diários.
De hoje não passaria, isolou-se ainda mais em seu ritmado desejo e entregou-se de corpo e alma para sua criação: novos papéis, reestruturas, sentidos e inúmeros sons... Ela o perseguia, o tomara conta por completo...
Horas a fio e deram-se totalmente envolvidos, como corpos num frenético desejo, tensão e vontade.
De hoje não passaria, isolou-se ainda mais em seu ritmado desejo e entregou-se de corpo e alma para sua criação: novos papéis, reestruturas, sentidos e inúmeros sons... Ela o perseguia, o tomara conta por completo...
Horas a fio e deram-se totalmente envolvidos, como corpos num frenético desejo, tensão e vontade.
Lá fora nada mais importava. Somente sua criação, seu ápice, seu gozo vertente em altos e baixos, consonantes e dissonantes. Ambos tomavam-se, bebiam-se, o ponto saliente da paixão que margeava a vida e a morte. Anos e anos de encontros e desencontros e aquele mostrava-se como o momento exato de concretizarem-se: o criador e a criatura.
E assim fez-se... Ao amanhecer, o encontraram caído entre tantos acordes, os olhos vidrados pelo desejo consumado em seu último compasso, mas com a pena e os dedos cravados na paixão...
E assim fez-se... Ao amanhecer, o encontraram caído entre tantos acordes, os olhos vidrados pelo desejo consumado em seu último compasso, mas com a pena e os dedos cravados na paixão...
(Francis Paula)
quarta-feira, 24 de abril de 2013
AOS OLHOS DA CIDADE ou "POR ENTRE ELA MESMA"
A cidade acordava, ganhava pouco a pouco um ritmo ágil e acelerado, enquanto um turbilhão de pensamentos já rodavam em sua mente.
Para alguns, a noite teria sido curta ao extremo, mas ela... Ela pensou como longa demais... assim como o dia anterior.
O dia anterior havia começado com o frio de um outono ensolarado... Quase uma antítese: o frio de uma manhã ensolarada.
As pessoas que iam e vinham, mesmo num feriado, o café que aquecia o peito, o tilintar das xícaras na padaria e o burburinho ao longe... imperceptível decifrá-los.
Levantar, pagar a conta: Obrigada, volte sempre! O sorriso da balconista. O que esconderia aquela mulher? Quais seriam suas vontades atrás daquele balcão?
Passos, ganhar a rua, o trajeto de volta... O que há neste mundo? Seria apenas o que um cansado olhar pode captar?
Queria mais... Queria além... mas o quê, afinal?
O cão atravessava o destino... Ou seria apenas a rua? Assim como nós: a rua ou o destino?
Alguém poderia respondê-la?
As crianças pensavam nas pipas que soltariam mais tarde. Saudade. Era tão bom o tempo em que a maior preocupação seria o melhor momento para colorir o céu com as pipas.
"E assim é a infância: como pipas a rodopiar no céu, mas de repente soltam-se das mãos e ficam apenas os coloridos em nossas mentes"...
Buzinas, sinal, atenção! Atenção?! Até quando?
A mulher segurava o vestido que o vento insistia em levantar. Ainda bem que ninguém viu. Afinal, somos todos invisíveis uns aos outros. Até mesmo invisíveis ao amor.
Tentamos nos blindar das dores, dos nãos, de nós e vivemos uma teia superficial, frágil e que não nos protege da dor... pelo contrário, nos expõe mais e mais.
Em casa, o silêncio exterior e o caos giratório dentro de cada um. Ou não. Muitos são fortes... extremamente fortes, mas ela... Ela não era ou simplesmente não fingia uma força que poderia agredir a si e ao mundo.
E cercada de imagens e pensamentos, o dia passou. E a noite inquietante de frio chegava, mantendo aquecida as análises diurnas. E uma nova antítese...
Precisava dormir, mas um novo café fez-se presente. Olhares. a noite longa... "Longa jornada noite a dentro", parafraseando o livro que há pouco vira na estante, em meio aos outros tantos... Assim como nós, na multidão diária.
Resolvera escrever, mas o turbilhão dentro de si... O turbilhão de reflexões, de muitos eus e de outros também.
E a cidade acordava novamente, pouco a pouco ganhava mais ritmo.
A rotina.
Seus olhos já despertos, a alma sonolenta e o tímido sol entre as buzinas e pessoas...
E ela retomava seu destino. Ou seria simplesmente a rua?!
(Francis Paula)
terça-feira, 23 de abril de 2013
Des(controle)
Des(compasso)
Des(medida)
Des(atino)
Des(coberta)
Des(enlace)
com a confusão nos olhos
e o desc(concerto) na alma
Perder-se para achar-se.
Des(contar)
Des(moronar)
Des(fazer)
Des(construir)
e novamente perder-se
achar-se
e quem sabe
Des(enganar-se)
e des(mentir).
(Francis Paula)
Em homenagem a Joy Division...
Des(compasso)
Des(medida)
Des(atino)
Des(coberta)
Des(enlace)
com a confusão nos olhos
e o desc(concerto) na alma
Perder-se para achar-se.
Des(contar)
Des(moronar)
Des(fazer)
Des(construir)
e novamente perder-se
achar-se
e quem sabe
Des(enganar-se)
e des(mentir).
(Francis Paula)
Em homenagem a Joy Division...
Metade do caminho,
metade da página,
metade sonho,
metade realidade,
metade espera,
metade chegada...
metade... ou
à margem de mim e
à beira do caos...
Um quase tudo ou um quase nada.
Metade, margem, quase...
Tempo, não brinque mais comigo
eu já saí a sua procura.
Quanta saudade...
Tudo muda, tudo passa... Até o andamento desse texto.
Assim como eu e você em nós...
E sentir que tudo passa é uma das sensações mais estranhas que podem existir
Percebo que tornei-me um caderno de momentos e pessoas...
As ausências, as partidas, o dia após dia.
Amigos que se vão antes do tempo ou não...
As chegadas... Outras felicidades que surgem.
Quanta saudade...
Ah, tempo! Não brinque mais comigo
afinal, não posso alcança-lo.
(Francis Paula)
metade da página,
metade sonho,
metade realidade,
metade espera,
metade chegada...
metade... ou
à margem de mim e
à beira do caos...
Um quase tudo ou um quase nada.
Metade, margem, quase...
Tempo, não brinque mais comigo
eu já saí a sua procura.
Quanta saudade...
Tudo muda, tudo passa... Até o andamento desse texto.
Assim como eu e você em nós...
E sentir que tudo passa é uma das sensações mais estranhas que podem existir
Percebo que tornei-me um caderno de momentos e pessoas...
As ausências, as partidas, o dia após dia.
Amigos que se vão antes do tempo ou não...
As chegadas... Outras felicidades que surgem.
Quanta saudade...
Ah, tempo! Não brinque mais comigo
afinal, não posso alcança-lo.
(Francis Paula)
Eram apenas cinco... É tudo tão relativo...
Para aqueles que esperam, cinco minutos parecem eternos.
Para os que estão a beira do abismo, tornam-se cinco segundos a queda...
Eram apenas cinco...
Cinco anos? Cinco pessoas? Cinco segredos? Cinco experiências?
Não, não era nada disso.
Eram apenas 5% de nossos sonhos, 5% de toda uma história.
Agora me restam 100% do retorno, 100% do melhor de mim, olhar para seus rostos repletos 100% de sonhos e construir um futuro por inteiro... Quem sabe.
No fundo do corredor escuro, a porta se entreabria e o som dos sorrisos e vozes tomava 100% da minha alma novamente.
Um livro em cima da carteira, um olhar: "Tia, olha que livro legal eu peguei pra ler"...
Sim, para o futuro ainda resta uma esperança. Meu oásis resiste em 100%...
E os 5%?! Ah, quer realmente saber?!...
Eu quero o amanhã por inteiro.
(Francis Paula)
domingo, 21 de abril de 2013
Sua ausência surge como o som do vento,
assustadora e dilacerante.
Sua pele, seu toque...
perseguem-me como um fantasma
a assombrar os vivos que estão mais mortos
do que seu silêncio.
Sua voz ecoa em meus ouvidos,
machuca meu coração
pelo tempo que mostra-se tão relativo...
Imenso para alguns, tão fugaz para outros.
O que faço?
Historicamente já era prevista sua partida,
geograficamente não posso prever onde estará
e literariamente, a silenciosa presença da sua falta
torna-se poesia...
A única que jamais partirá de mim...
A minha companheira derradeira.
(Francis Paula)
assustadora e dilacerante.
Sua pele, seu toque...
perseguem-me como um fantasma
a assombrar os vivos que estão mais mortos
do que seu silêncio.
Sua voz ecoa em meus ouvidos,
machuca meu coração
pelo tempo que mostra-se tão relativo...
Imenso para alguns, tão fugaz para outros.
O que faço?
Historicamente já era prevista sua partida,
geograficamente não posso prever onde estará
e literariamente, a silenciosa presença da sua falta
torna-se poesia...
A única que jamais partirá de mim...
A minha companheira derradeira.
(Francis Paula)
domingo, 7 de abril de 2013
sábado, 6 de abril de 2013
terça-feira, 2 de abril de 2013
O RENASCER DAS CINZAS
(Francis Paula)
(Francis Paula)
A canção
afirmava que o tempo engana aqueles que pensam que sabem demais...
Paralelo
a isso ela teimava em refletir o quanto muitos ainda viveriam naquela
condição de “donos da verdade”?!
Palavras...
Palavras... Sim, as mesmas palavras que tanto estudara se mostravam
como armas preciosas e perigosas.
Até
quando os mistérios articulados pela mente e desenhados pelos lábios
se mostrariam como mecanismos de um jogo de xadrez e que nós, muitas
vezes, somos as peças de manuseio de um grupo?!...
Sim, o
poder... O titã “Cronos”, que com o medo de ter arrancado o seu
“poder”, devorava os filhos um a um.
Ou seja,
até quando “Cronos” nos devorará, nos jogará em meio as
palavras daqueles que se julgam senhores de suas épocas, lugares ou
instituições...
Nas ruas,
as pessoas correm, sufocam desejos, calam-se ou despejam seus
mistérios, suas palavras sem ao menos pensar no jogo ao qual estamos
a fazer parte.. ou não?!
Quanto
mais pensava, ela refletia sobre as palavras e sobre Cronos, o
titã... E que somente Zeus, único filho que o enganou e sobreviveu,
aliado à “Prudência”, o fizeram vomitar seus filhos (seria o
passado personificado?) e assim, trazer à tona as verdades que
poderiam fazer a diferença.
Não, não
se pode abaixar a cabeça. Não, não se pode enganar pelas
“palavras-mistério”, pelo jogo de xadrez entre a vida e a
vida... A morte aqui não conta.
Não, não
se pode fechar os olhos... Como fênix, renascer das cinzas e assim,
é preferível terminar não com melancolia, mas com a multiplicidade
das pessoas de uma certa “Pessoa”:
“Há um
tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, os caminhos que
nos levam aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e se não
ousarmos fazê-la, ficaremos à margem de nós mesmos”.
Infelizmente,
é tudo um grande jogo pelo poder.... Ela espera, sinceramente, que
não.
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