sábado, 27 de abril de 2013





Melancolia (2)

Os erros cometidos pelo caminho, as saudades agregadas,
a busca por mim mesma só me fazem ter a certeza: 
O TEMPO É UMA FÁBRICA DE PASSADO...

(Francis Paula)

(Vovó, vovô e mamãe - amores eternos no tempo e no espaço de mim mesma)

Os óculos são instrumentos que ampliam a visão...
O amor também.


(Francis Paula)



Giro num movimento contrário aos acontecimentos...
Giro ao redor do que fui...
Giro em busca de mim...
Giro... simplesmente giro...
Tonteia-me o coração, bambeiam-se as pegadas...
Carrossel desenfreado, assim como o coração...
Onde estão todos?
O tempo... Foram levados. Sim, foram levados por você.
Algo ainda impregna minha alma que carrega o peso de todos os que fazem parte dela e que me formam...
Tantas reticências... Sim, há algo por dizer, mas o quê, afinal?
Ah, coração! Algibeira de memórias e amores.

(Francis Paula)



O ponto...
O ponto final...
O ponto afinal...
Simplesmente o ponto... que indica o derradeiro fim.
Ou seria um recomeço?!
Depende do ponto ou de mim? E qual é o final, afinal?

(Francis Paula)

Muitas vezes somos apenas os cacos do que fomos um dia, repletos de estilhaços de saudades e dores...
na madrugada tudo se torna tão claro... como a escuridão que nos ilumina...

(Francis Paula)



 Melancolia

Sempre que estava tristonha minha avó dizia:
Vai esquentar esses pés!

Hoje penso:
Meu Deus, poderiam inventar uma meia para aquecer o coração...

(Francis Paula)


A casa,
assim como a alma, 

também se despe, se mostra...
se revela... 

muitas vezes repleta do seu vazio material

e do desejo sufocado. 

(Francis Paula)


Em meio a tantas luzes... Qual será a tua?

(Francis Paula)

sexta-feira, 26 de abril de 2013


O PONTO SALIENTE DA PAIXÃO

Os compassos e descompassos eram imensos, mas o músico insistia em sua obra magistral. Mesmo que lhe custasse a própria vida...
Dramático?! Para alguns até poderia ser, mas para ele mostrava-se como um objetivo de toda uma caminhada.
Sim, anos de estudo, dedicação, sangue, alma, sustenidos e bemóis. Fora as distâncias de muitos, ausências de outros, inclusive de si mesmo e muitos, muitos cadernos, partituras e claves.
O piano mostrara-se como um dos companheiros mais fiéis além dos compositores que havia se debruçado por tanto tempo. As linhas de cada compasso foram sua cama e por diversas vezes, por ela passaram corpos não tão musicais, mas também alguns carregados de pausas extremamente necessárias à sua música particular.
Entre um pedido e outro, entre olhares... entre notas... graves ou agudamente precisas... sua obra magistral ganhava corpo. Em alguns momentos tudo era desmembrado e reiniciava-se toda a criação.
Tornara-se sua obsessão maior. A melhor. A única.
Agora, enquanto caminhava, os dedos ágeis procuravam pelo ar a melodia, inúmeros sons a sua volta pareciam desaparecer e seu coração... O coração não apenas batia. Passava a ritmar seu silencio assustadoramente musical e interior.
Para os outros... Sempre os outros. Tudo não passava de loucura: "Onde já se viu"?!, "Isolado do mundo". " Nãos e pode sequer convidá-lo para algum evento social"., "Estranho esse comportamento"., "Por que é assim"?.
Ninguém compreendia a música que o guiava. Acredito que nem ele mesmo. Quanto a loucura... Vive-se num mundo tão ou infinitamente mais louco que recuso-me a julgá-lo. Preferível ouvi-lo.... Com os olhos e o coração, não tão musical, mas ávido por melodias diferentes das usuais.
E enquanto pensava isso, ele novamente estava a articular seus compassos e descompassos diários.
De hoje não passaria, isolou-se ainda mais em seu ritmado desejo e entregou-se de corpo e alma para sua criação: novos papéis, reestruturas, sentidos e inúmeros sons... Ela o perseguia, o tomara conta por completo...
Horas a fio e deram-se totalmente envolvidos, como corpos num frenético desejo, tensão e vontade.
Lá fora nada mais importava. Somente sua criação, seu ápice, seu gozo vertente em altos e baixos, consonantes e dissonantes. Ambos tomavam-se, bebiam-se, o ponto saliente da paixão que margeava a vida e a morte. Anos e anos de encontros e desencontros e aquele mostrava-se como o momento exato de concretizarem-se: o criador e a criatura.
E assim fez-se... Ao amanhecer, o encontraram caído entre tantos acordes, os olhos vidrados pelo desejo consumado em seu último compasso, mas com a pena e os dedos cravados na paixão...

(Francis Paula)

quarta-feira, 24 de abril de 2013


AOS OLHOS DA CIDADE ou "POR ENTRE ELA MESMA"

A cidade acordava, ganhava pouco a pouco um ritmo ágil e acelerado, enquanto um turbilhão de pensamentos já rodavam em sua mente.
Para alguns, a noite teria sido curta ao extremo, mas ela... Ela pensou como longa demais... assim como o dia anterior.
O dia anterior havia começado com o frio de um outono ensolarado... Quase uma antítese: o frio de uma manhã ensolarada.
As pessoas que iam e vinham, mesmo num feriado, o café que aquecia o peito, o tilintar das xícaras na padaria e o burburinho ao longe... imperceptível decifrá-los.
Levantar, pagar a conta: Obrigada, volte sempre! O sorriso da balconista. O que esconderia aquela mulher? Quais seriam suas vontades atrás daquele balcão?
Passos, ganhar a rua, o trajeto de volta... O que há neste mundo? Seria apenas o que um cansado olhar pode captar?
Queria mais... Queria além... mas o quê, afinal?
O cão atravessava o destino... Ou seria apenas a rua? Assim como nós: a rua ou o destino?
Alguém poderia respondê-la?
As crianças pensavam nas pipas que soltariam mais tarde. Saudade. Era tão bom o tempo em que a maior preocupação seria o melhor momento para colorir o céu com as pipas.
"E assim é a infância: como pipas a rodopiar no céu, mas de repente soltam-se das mãos e ficam apenas os coloridos em nossas mentes"...
Buzinas, sinal, atenção! Atenção?! Até quando?
A mulher segurava o vestido que o vento insistia em levantar. Ainda bem que ninguém viu. Afinal, somos todos invisíveis uns aos outros. Até mesmo invisíveis ao amor.
Tentamos nos blindar das dores, dos nãos, de nós e vivemos uma teia superficial, frágil e que não nos protege da dor... pelo contrário, nos expõe mais e mais.
Em casa, o silêncio exterior e o caos giratório dentro de cada um. Ou não. Muitos são fortes... extremamente fortes, mas ela... Ela não era ou simplesmente não fingia uma força que poderia agredir a si e ao mundo.
E cercada de imagens e pensamentos, o dia passou. E a noite inquietante de frio chegava, mantendo aquecida as análises diurnas. E uma nova antítese...
Precisava dormir, mas um novo café fez-se presente. Olhares. a noite longa... "Longa jornada noite a dentro", parafraseando o livro que há pouco vira na estante, em meio aos outros tantos... Assim como nós, na multidão diária.
Resolvera escrever, mas o turbilhão dentro de si... O turbilhão de reflexões, de muitos eus e de outros também.
E a cidade acordava novamente, pouco a pouco ganhava mais ritmo.
A rotina.
Seus olhos já despertos, a alma sonolenta e o tímido sol entre as buzinas e pessoas...
E ela retomava seu destino. Ou seria simplesmente a rua?!
(Francis Paula)



terça-feira, 23 de abril de 2013

Des(controle)
Des(compasso)
Des(medida)
Des(atino)
Des(coberta)
Des(enlace)

com a confusão nos olhos
e o desc(concerto) na alma
Perder-se para achar-se.

Des(contar)
Des(moronar)
Des(fazer)
Des(construir)

e novamente perder-se
achar-se
e quem sabe
Des(enganar-se)
e des(mentir).

(Francis Paula)

Em homenagem a Joy Division...

Metade do caminho,
metade da página,
metade sonho,
metade realidade,
metade espera,
metade chegada...
metade... ou
à margem de mim e
à beira do caos...
Um quase tudo ou um quase nada.
Metade, margem, quase...
Tempo, não brinque mais comigo
eu já saí a sua procura.
Quanta saudade...
Tudo muda, tudo passa... Até o andamento desse texto.
Assim como eu e você em nós...
E sentir que tudo passa é uma das sensações mais estranhas que podem existir

Percebo que tornei-me um caderno de momentos e pessoas...
As ausências, as partidas, o dia após dia.

Amigos que se vão antes do tempo ou não...
As chegadas... Outras felicidades que surgem.
Quanta saudade...

Ah, tempo! Não brinque mais comigo
afinal, não posso alcança-lo.
(Francis Paula)


Eram apenas cinco... É tudo tão relativo...
Para aqueles que esperam, cinco minutos parecem eternos.
Para os que estão a beira do abismo, tornam-se cinco segundos a queda...
Eram apenas cinco...
Cinco anos? Cinco pessoas? Cinco segredos? Cinco experiências?
Não, não era nada disso.
Eram apenas 5% de nossos sonhos, 5% de toda uma história.
Agora me restam 100% do retorno, 100% do melhor de mim, olhar para seus rostos repletos 100% de sonhos e construir um futuro por inteiro... Quem sabe.
No fundo do corredor escuro, a porta se entreabria e o som dos sorrisos e vozes tomava 100% da minha alma novamente.
Um livro em cima da carteira, um olhar: "Tia, olha que livro legal eu peguei pra ler"...
Sim, para o futuro ainda resta uma esperança. Meu oásis resiste em 100%...
E os 5%?! Ah, quer realmente saber?!...
Eu quero o amanhã por inteiro.
(Francis Paula)


domingo, 21 de abril de 2013


domingo, 7 de abril de 2013


sábado, 6 de abril de 2013

"Muitos querem a medida do tempo, da saudade, do trabalho, da diversão, da distância, das roupas...

Ah, eu quero é sentir a desmedida da vida."

(Francis Paula)


quinta-feira, 4 de abril de 2013


Até porque viver e amar é desdobrar-se no universo...
(Francis Paula - em meio ao caos)


terça-feira, 2 de abril de 2013

O RENASCER DAS CINZAS
(Francis Paula)

A canção afirmava que o tempo engana aqueles que pensam que sabem demais...
Paralelo a isso ela teimava em refletir o quanto muitos ainda viveriam naquela condição de “donos da verdade”?!
Palavras... Palavras... Sim, as mesmas palavras que tanto estudara se mostravam como armas preciosas e perigosas.
Até quando os mistérios articulados pela mente e desenhados pelos lábios se mostrariam como mecanismos de um jogo de xadrez e que nós, muitas vezes, somos as peças de manuseio de um grupo?!...
Sim, o poder... O titã “Cronos”, que com o medo de ter arrancado o seu “poder”, devorava os filhos um a um.
Ou seja, até quando “Cronos” nos devorará, nos jogará em meio as palavras daqueles que se julgam senhores de suas épocas, lugares ou instituições...
Nas ruas, as pessoas correm, sufocam desejos, calam-se ou despejam seus mistérios, suas palavras sem ao menos pensar no jogo ao qual estamos a fazer parte.. ou não?!
Quanto mais pensava, ela refletia sobre as palavras e sobre Cronos, o titã... E que somente Zeus, único filho que o enganou e sobreviveu, aliado à “Prudência”, o fizeram vomitar seus filhos (seria o passado personificado?) e assim, trazer à tona as verdades que poderiam fazer a diferença.
Não, não se pode abaixar a cabeça. Não, não se pode enganar pelas “palavras-mistério”, pelo jogo de xadrez entre a vida e a vida... A morte aqui não conta.
Não, não se pode fechar os olhos... Como fênix, renascer das cinzas e assim, é preferível terminar não com melancolia, mas com a multiplicidade das pessoas de uma certa “Pessoa”:
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, os caminhos que nos levam aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e se não ousarmos fazê-la, ficaremos à margem de nós mesmos”.
Infelizmente, é tudo um grande jogo pelo poder.... Ela espera, sinceramente, que não.