sexta-feira, 1 de agosto de 2014




“QUANTO CUSTA UMA SAUDADE”? (Um presente para Marcelo Eugênio e seus gatos)
(Francis Paula)


Hoje, pela manhã, ao abrir o facebook, li um fato vivido por um amigo. 
Ele dizia que ao se dirigir até o supermercado, viu um homem, em situação de rua, proteger em seus braços um cão. Lembrou-se de seus gatos, que agora não mais estavam presentes em sua vida, e decidiu comprar ração para ajudar o homem...
Ao chegar às prateleiras, percebeu que a ração para cães havia sido trocada de lugar, estava agora no lado onde sempre achava para seus gatos de estimação. Abaixou-se para pegar e num misto de surpresa e emoção encontrou um cartaz escrito: SAUDADE.
Esse fato ficou dentro de mim por vários dias. Pensei em tantas notícias, pessoas, momentos...
Pensei muito e algo me veio à mente: “Quanto custa uma saudade”?
Sim... A placa estava lá, na prateleira. Parecia indicar um espaço para um produto. Mas na verdade era um espaço vazio apenas.
Seria isso a saudade: um espaço vazio? 
Lembrei-me de quantos espaços me construo. Revirei meu coração na pergunta: “Quantos espaços existem pela vida a fora”?
Pensei no cartazista. O que o levou a escrever a palavra “SAUDADE”? Estaria ele (ou ela) sentindo falta de alguém? De um momento? Tomado por um sentimento apenas e sem razão concreta?
Por favor, saudade é concreta? Se for, não quero abraça-la mais.
E meu amigo que encontrou o cartaz? Por que logo ele, tão tomado de saudade, precisou vê-la? Seria destino? Um sinal? Ou apenas mais um na multidão de solitários cercados de almas, nas grandes cidades?
Tornei a imaginar a prateleira... O espaço vazio da “saudade”. Talvez seja a melhor personificação da ideia: um espaço que é ocupado pela silenciosa presença de uma ausência.
Ou como disse um poeta solitário e vagabundo: “A memória é invenção do diabo”... 
Vou além: o diabo somos nós que sucumbimos de emoção, silêncio e amores por todas as existências possíveis e que nos preenchem das dores e delícias das saudades de que somos feitos.

Um comentário:

  1. Sua saudade conversa com a minha, com a nossa vontade, saudade, momento. Saudade chata e gata, que maltrata e nos faz bem. Acho que foi você que escreveu sobre nossas saudades, sonhos e vontades. Acho que precisamos de saudade para entender os detalhes da vontade.

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